quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fingir de Conta


Finjo de conta desconhecer em quantas contas fingidas te finges.
E tu finges de conta que as fingidas contas não são da tua conta.
Ambos fingimos fingir de conta que o fingimento fingido conta.
E afinal de contas, fugimos das contas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

Coração ao Pescoço


Estou pronta.
Do alto da minha fortaleza,
Dispensei os guardiões,
Destruí as armas,
Quebrei os escudos,
Desmoronei as muralhas,
Despi os ornamentos.
Estou pronta para andar com o coração ao pescoço sem olhar para trás.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mal-Entendidos [Nuno Lobo Antunes]

"Para compreender uma criança temos de voltar ao país das memórias, reviver o que ficou para trás, habitar de novo medos de que nos esquecemos. Olhar com olhos de espanto, chamar filha a uma boneca, e replicar o milagre da criação dando-lhe voz. Para a compreender temos de voltar a pele do avesso, reduzir a dimensão do corpo na medida inversa em que cresce o sentimento. Cada criança é uma história por contar. Por vezes o Capuchinho Vermelho perde-se no bosque e não há beijo que resgate à Bela Adormecida."

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um Nada


Um nada lhe pedi. Nem mais, nem menos. Apenas e só um nada. Lhe pedi esse nada de tudo, esse vazio de cheio. Pois eu assim sou. Nada, vazia e oca sem ele. E, por isso, lhe pedi esse seu tudo. Lhe pedi tudo isso para me completar na minha imperfeição esvaziada e nadada de tudo. Eu sonhava ser com ele. Eu sonhava que ele fosse em mim. Sonhava para que minhas entranhas se preenchessem com o tudo que dele é. Mas ele nada sabe. E eu tudo sei. E neste pensamento diferido ele sorri com o maior dos sorrisos e eu choro com a maior das lágrimas. E assim a nossa senda se faz, sem se fazer, um e outro só a serem dois, e não um só.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um dia aprendes [Veronica Shoffstal]

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E acabas por aceitar as derrotas com a cabeça levantada e olhos para diante, com a elegância de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para fazer planos, e o futuro tem o costume de aparecer do nada.

Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por muito tempo. Aprendes que não importa o quanto te importas, há pessoas que simplesmente não se importam. E aceitas que não importa quanta bondade resida numa pessoa, ela irá ferir-te de vez em quando e precisas de lhe perdoar por isso. Aprendes que falar pode aliviar as dores da alma. Descobres que leva anos a construir a confiança e bastam segundos para a destruir, e que podes fazer coisas das quais te arrependerás o resto da vida. Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo na distância. E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tu és na vida. E que os bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, e percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer muito ou nada e mesmo assim passarem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem mais te importas são tiradas da tua vida demasiado depressa, e é por isso que devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos com palavras carinhosas, pois pode ser a última vez que as vemos.

Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que leva muito tempo tornares-te a pessoa que queres ser, e que a vida é demasiado curta. E aprendes que não interessa o que já alcançaste, mas para onde vais, e se não sabes para onde vais, qualquer lugar serve. Aprendes que ou controlas os teus actos ou são eles a controlar-te, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, existem sempre duas formas de olhar para ela.

Aprendes que heróis são pessoas que fizeram apenas o que era necessário fazer. Aprendes que a paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te pontapeie quando cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar. Aprendes que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e com o que aprendeste com elas, do que com quantos anos já fizeste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que os seus sonhos são disparates, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás furioso tens direito de estar furioso, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobres que só porque alguém não te ama da forma que querias, não significa que esse alguém não saiba amar e não te ame com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como mostrá-lo.

Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, poderás ser condenado no futuro. Aprendes que não importa em quantas partes o teu coração foi destroçado, o mundo não pára para que tu o consertes. Aprendes que o tempo não pode andar para trás.

Portanto tens que tomar conta do teu jardim, em vez de ficares à espera que alguém te traga flores. E aprendes que realmente podes suportar mais, que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe do que pensas. E que a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida!” E aprendes que as nossas dúvidas são desleais, e que elas nos fazem perder o que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sábado, 2 de abril de 2011

A Expressão da Ignorância


Não soube.
E não quis saber.
A ignorância foi a expressão da minha vida.
Não sei.
Mas quero saber.
Mas a ignorância não mo permite expressar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Lembro-me de me Esquecer


Esqueci-me de amar. Esqueci-me de me amar, esquecendo de te amar.

Encontrei-te, no princípio, quando o era uma vez foi tatuado num braço de ferros.
Amei-te, no meio, quando a história se foi escrevendo a duas mãos.
Perdi-te, no fim, quando o ponto final foi corrigido num quadrado preto.

Lembro-me de te amar. Lembro-me de me amar, lembrando-me de te amar. E lembro-me de me esquecer de amar, de me e de te amar.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fairy Tales [Grey's Anatomy]

"You know when you were a little kid and you believed in fairy tales? That fantasy of what your life would be – white dress, prince charming who’d carry you away to a castle on a hill. You’d lie in your bed at night and close your eyes and you had complete and utter faith. Santa Claus, the tooth fairy, prince charming –they were so close you could taste them. But eventually you grow up and one day you open your eyes and the fairy tale disappears. Most people turn to the things and people they can trust. But the thing is, it’s hard to let go of that fairy tale entirely because almost everyone has that smallest bit of hope and faith that one day they would open their eyes and it would all come true. (...) At the end of the day, faith is a funny thing. It turns up when you don't really expect it. Its like one day you realize that the fairy tale may be slightly different than you dreamed. The castle, well, it may not be a castle. And its not so important, happy ever after, just that its happy right now. See once in a while, once in a blue moon, people will surprise you, and once in a while people may even take your breath away."
Grey's Anatomy, Season 1, Episode 8, Meredith Grey (voiceover)